Vem aí um competidor de peso para a Netflix. Talvez o maior concorrente que ela já tenha enfrentado.
A Disney está prestes a lançar seu serviço próprio de streaming. Nenhuma outra empresa foi tão responsável por criar esse ambiente atual de entretenimento quanto a Disney. Por exemplo, lá em 1937, quando lançou o filme “Branca de Neve e os Sete Anões”, ela definiu o conceito do chamado “Blockbuster Familiar”, ou seja, aquele filme que famílias inteiras podiam ir assistir no cinema. E isso segue até hoje. Entre os 12 maiores sucessos de bilheteria lançados desde 2010, a Disney é responsável por 8 destes filmes. Filmes da série Star Wars, Piratas do Caribe, o recente Pantera Negra e animações da Pixar como Toy Story e Carros estão nesta lista.
A questão é que a Disney percebeu que os negócios tradicionais como cinema, parques e canais de TV passaram a disputar a atenção com smartphones, laptops e TV´s conectadas na Internet. Negócios que reinavam absolutos começaram a perder espaço e, consequentemente, receita. Um dos exemplos é negócio mais lucrativo do grupo: o canal de esportes ESPN, que perdeu 10% de sua audiência nos últimos 6 anos.
Nos Estados Unidos já existe uma expressão chamada de “cord cutters”, que define as pessoas que não assinam mais os serviços de TV por assinatura tradicionais por cabo ou satélite e assistem apenas conteúdos transmitidos por streaming, sejam gratuitos, sejam pagos. Ou seja, eliminaram o intermediário que é a operadora de TV por assinatura e passaram a consumir conteúdos como Netflix, Amazon, YouTube, pacotes das grandes ligas de esportes.
O valor de mercado da Netflix é praticamente 90% do valor de mercado do grupo Disney, sendo que a Netflix tem um foco muito mais específico do que a Disney. Hoje são praticamente 120 milhões de assinantes ao redor do mundo.
Percebendo essa nova realidade do mercado, desde o ano passado a Disney começou a se movimentar na direção de criar o seu serviço próprio de streaming. Em 2017, já havia anunciado a retirada de seu conteúdo da plataforma da Netflix. A previsão para o lançamento do “Disneyflix”, o apelidado dado pelo mercado, é 2019 nos Estados Unidos, com planos de rapidamente se espalhar pelo mundo.
Se por um lado a Disney vai criar mais um concorrente para a audiência dos seus próprios produtos atuais, por outro lado ela tem a possibilidade de criar uma comunidade de fãs fiéis, a partir das informações de hábitos que serão coletadas no sistema de streaming, um dos bens mais preciosos de que possui estes sistemas.
Por exemplo, hoje a Netflix sabe exatamente quanto tempo assistimos a cada série, quais são os nossos hábitos, horários que assistimos cada tipo de conteúdo e consegue prever o que a gente vai gostar de assistir. Inclusive este tipo de informação já tem sido utilizada na criação e roteiro das novas séries com produção própria.
No caso da Disney, ela terá novamente a possibilidade de redefinir o conceito de entretenimento, podendo oferecer outros produtos como ingressos lançamentos de cinema, de parques temáticos e produtos oficiais. Coisas que a Netflix não consegue oferecer.
Talvez ela esteja prestes a destruir o que levou anos para construir, mas graças à tecnologia esteja criando algo ainda maior e mais lucrativo. Temos que esperar mais alguns meses para entender como será essa revolução.